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Ilustração Catarina Sobral |
Na
agenda paralela, a da rede social, estava lá: ver Marte. Ia estar
pertinho, no meio do
céu, no meio da noite. Bem, se eu estivesse no meio
do quintal dava prá ver. Claro que eu
podia só ir lá fora, olhar prá
cima e pronto, Marte estaria registrado em mim. Mas eu quis
fotografar
prá postar e dizer prá todo mundo: Vejam, eu vi Marte! Merda de ego. E
aí
começou: um edredron prá me deitar na grama?
Hum.... todos limpos. Grama com
Malathion da equipe da dengue que
entrou aqui com um canhão de veneno. Um
lençolzinho, mais fácil de
lavar? E se tiver caramujos na grama? Não ia gostar de um "crec"
nas
costas e uma meleca no lençol. Cadeira... melhor cadeira. Não dou conta
de virar o
pescoço prá cima por mais de um minuto. E outra cadeira no
colo, prá servir de tripé.
Marte é longe... Difícil é respirar, pois a
cadeira de cima respira junto, a máquina vai no
embalo, Marte treme, a
foto desfoca, a cadeira cai, caio eu na grama sob Marte. E então
me
pego assim pensando em todo sistema: Marte, eu, Terra, terra, grama,
universo. E me
esbaldo na relatividade. Somos todos átomos. Somos todos
grama. Somos todos Marte.
Somos todos caramujos. É tudo uma coisa só.
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